quinta-feira, 24 de março de 2016

Só a Praia Vermelha é 365 dias.

Durante 2015, somente 3 praias da cidade ficaram próprias para banho nos 365 dias do ano, segundo revelou essa semana o INEA (Instituto Nacional do Ambiente). As abençoadas pela exceção que deveria ser regra são: Prainha, Recreio e Praia Vermelha. Do lado oposto, 4 praias da Zona Sul permaneceram praticamente todo o ano imprópria. As penalizadas pela regra que deveriam ser exceção são: Flamengo, Botafogo, Urca, e São Conrado. Ainda segundo o órgão, a praia do Leblon oscila entre dias de água limpa, e outros de muita poluição.


O governo do estado informou em nota que continua investindo na despoluição da Baía de Guanabara, e que projetos executados conseguiram elevar o percentual de esgoto tratado. Porém, a promessa de limpar a baía até as olimpíadas não vai ser cumprida. Lamentável...

segunda-feira, 21 de março de 2016

Os alagamentos na região tem solução?

Dizem que o carioca não gosta de chuva, mas alguém gosta? Acho que nem os nossos vizinhos da Terra da Garoa... O certo é que as chuvas das últimas semanas assustaram a cidade e colocaram o problema dos alagamento novamente na mesa do Carioca (em alguns casos, literalmente). Na Zona Sul do Rio, talvez a aversão do morador à água que cai do céu, seja maximizada com o impedimento do usufruto das belezas naturais da região, como banhos de mar, corridas nas orlas, pedaladas na lagoa, entre outros prazeres genuínos e gratuitos da população local. Porém, o que mais incomoda, é que as tempestades são sinônimas de alagamentos, trazendo prejuízos e riscos à população. O problema é antigo, frequente e parece estar longo de uma solução...


O transtorno atinge todos os bairros da região em pontos com reconhecidos potenciais de alagamento e que nas últimas semanas foram novamente castigados pela chuva: Av Epitácio Pessoa (Lagoa), Rua do Catete (Catete), Rua Jardim Botânico (Jardim Botânico), Rua Antônio Mendes Campos (Glória), Rua São Clemente (Botafogo), Aterro do Flamengo (Flamengo), Rocinha, entre outros. Mas se o problema é antigo, conhecido e previsível, por que a Prefeitura não consegue resolver?

A primeira causa, segundo alguns especialistas, vem do fato da região ser muito povoada e ao nível do mar. Nesse cenário, quando a tempestade coincide com a alta do nível do mar, as galerias pluviais deixam de escoar. As soluções de engenharia não são simples e baratas. Os piscinões são uma opção, mas não resolvem sozinhos o problema. Outra alternativa seria a construção de um cinturão antes das saídas das galerias para o mar. Uma abordagem mais moderna, ampla e não menos dispendiosa, prega a adoção de investimentos na renaturalização de rios e a união de soluções artificiais com opções de infraestrutura verde.

Uma ação simplória, barata e primordial, porém paliativa, é a manutenção adequada nas galerias existentes por parte da Prefeitura, para que funcionem com capacidade total. Nesse ponto, além da atual eficaz da Prefeitura, a população deveria fazer a sua parte, simplesmente não fazendo nada, ou seja, parando de sujar as ruas com os lixos que entopem as galerias. 


Outro paliativo visando à minimização de riscos e prejuízos, bastante adotado em países europeus que sofrem com alagamentos constantes, seria o trabalho preventivo por parte da Defesa Civil, informando a população sobre a possibilidade de alagamentos. Atualmente, essa ação é realizada apenas em áreas consideradas de risco.

A prefeitura apresentou recentemente uma série de propostas para tentar solucionar os alagamentos na cidade. Elas fazem parte do Relatório de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas, publicado em 29 de dezembro do ano passado no Diário Oficial do município. O documento, da Fundação Instituto das Águas do Município do Rio de Janeiro (Rio-Águas), faz parte do Plano Municipal de Saneamento Básico, que todas as prefeituras do país se comprometeram a entregar até o final de 2015. Além de apresentar os pontos com risco de alagamento, contém uma lista de intervenções que devem ser feitas para evitar novas inundações. Entre os maiores problemas apontados na região estão a expansão urbana, que descaracterizou grande parte da rede de drenagem natural por meio de obras de canalização, aterros e desvio dos cursos originais, sendo que a faixa litorânea foi a mais aterrada.

Entre as propostas apresentadas estão a de reverter os efeitos nocivos da urbanização nas áreas já consolidadas, minimizar os impactos futuros nas áreas em processo de urbanização e tratar as cheias rápidas com medidas de reservação. Ou seja, a instalação de reservatórios imediatamente após o final do trecho de alagamento. São os chamados reservatórios de “pé de morro”, intervenções mais baratas do que o alargamento das calhas. 


Segundo a Secretaria municipal de Saneamento e Recursos Hídricos existem projetos de melhorias no sistema de drenagem na região. Como as obras no bairro do Jardim Botânico, abrangendo o canal da Rua General Garzon e a implantação de galerias nas ruas Jardim Botânico e Pacheco Leão. Recentemente, acrescenta o órgão, foram feitas obras de melhorias no sistema de microdrenagem na Lagoa, com a instalação de tubulações que reduziram pontos de bolsões d´água, acabando com o problema num trecho histórico de alagamento próximo ao Jockey.

Já a Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos informou que durante o ano equipes de suas 25 gerências executam um programa integrado de manutenção de drenagem nas vias principais e secundárias de todo o Rio. O serviço é intensificado nos meses que antecedem o verão. Nos últimos quatro meses, o órgão, com o apoio da Comlurb, concluiu a limpeza de mais de dois mil quilômetros mil quilômetros de galerias de águas pluviais em todo o Rio.

Ok, essas ações da Prefeitura são importantes, mas pontuais e para “apagar incêndio” (ironicamente). O Plano de propostas parece mais interessante e eficaz, mas será que vai pra frente? 

quinta-feira, 10 de março de 2016

Projeto sócio-cultural “Ninho de Livros” cresce na região.

Em fevereiro de 2015, a agência carioca de empreendimentos sociais, Satrápia, lançou o Projeto Ninho de Livro, com o objetivo de facilitar o acesso a leitura, incentivar a troca e principalmente disseminar a cultura da colaboração, ao mesmo tempo em que reativa espaços públicos abandonados. 


O Ninho é um espaço de cultura aberto gratuitamente 24 horas por dia, num formato de casinhas de madeira parecidas com as de passarinho, e funciona assim: a pessoa abre a casinha, escolhe um livro, coloca outro no lugar e se regozija com a leitura. A ideia do projeto é fazer com que as pessoas entendam que os ninhos são da cidade, de uso público e por isso devem também cuidar destes espaços, incentivando a leitura, mas principalmente a postura cidadã dos cariocas.

A ideia surgiu após uma viagem de férias ao sul da França, onde as sócias da agência puderam conhecer um projeto semelhante. No Rio,  Mayrtes Mattos e Renata Tasca, as mentes à frente do Projeto, adaptaram a ideia criando as simpáticas e atrativas casinhas de passarinho. 

Após um ano de experiência e mais de 11 mil livros distribuídos, as expectativas foram além do esperado. Segundo as publicitárias, o receio em relação ao vandalismo não se confirmou, gerando um movimento inverso. A ação desenvolveu um laço afetivo entre o projeto e o público, que acabou adotando os ninhos, através de atitudes voluntárias surpreendentes como a instalação de maçanetas nas portas e o conserto do acrílico das casinhas. Além disso, todos os dias no facebook do projeto (https://www.facebook.com/ninhodelivro), dezenas de pessoas solicitam a instalação de ninhos em diferentes locais. Após esse tempo de vida, o projeto mostrou que o Ninho de Livros também embeleza espaços, cria movimentação e estimula que o público cuide do espaço público, criando um novo comportamento nos cariocas.

As duas publicitárias começaram instalando o primeiro ninho em fevereiro de 2015, no Vidigal. Quase um ano depois, a ação social já espalhou 10 ninhos por Fortaleza e 10 ninhos em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro, como: Dona Marta, Praça Sarah Kubitschek (Copacabana), Parque Guinle, Parque Lage, Vidigal, Cantagalo, entre outros. 

Agora, após um ação de crowdfunding realizada através do site Benfeitoria.com, a dupla conseguiu levantar R$ 31,5 mil em financiamento coletivo, superando a meta inicial de R$ 30 mil. O recurso financeiro ajudará na instalação de mais dez Ninhos pela cidade, focando agora exclusivamente nas comunidades. Segundo as idealizadoras, o índice de leitura nessas regiões chega a quase zero. Na Zona Sul, a ação implementará novos Ninhos nas comunidades Cantagalo, Rocinha e Tabajaras. 

Golaço!!! 

terça-feira, 8 de março de 2016

Zona Sul tem baixo risco para infestação pelo Aedes Aegypti.

Dados divulgados essa semana pelo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), indicam que o município do Rio de Janeiro apresenta o menor índice de infestação predial (IIP), pelo mosquito do Aedes Aegypti, da história da cidade para o período do verão: 0,9%.


O resultado é considerado como positivo pela Secretaria Municipal de Saúde, já que o índice é considerado satisfatório quando está abaixo de 1%. A diferença de 0,1% abaixo da meta é suficiente para colocar o município na “faixa verde”, que representa baixo risco para contaminação por doenças decorrentes das larvas do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. 

A Zona Sul e outras cinco Áreas Programáticas (AP) da cidade, apresentaram baixo risco: Centro, Ilha e Zona da Leopoldina, Grande Méier, Madureira e adjacências, Bangu e adjacências. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a queda no índice de infestação pelo Aedes aegypti pode ser atribuído ao constante trabalho de prevenção e conscientização que vem sendo feito pela própria Secretaria e também à colaboração da população. 

A luta pela conscientização da população, porém, é longa e não pode ser abrandada. O LIRAa apontou que 26,9% dos focos do mosquito estavam em depósitos fixos, como ralos, bombas, piscinas não tratadas, cacos de vidros em muros, toldos em desnível, calhas, sanitários em desuso, entre outros. Os criadouros do vetor ainda são muito encontrados em vasos e pratinhos de planta e em materiais descartados indevidamente, como recipientes plásticos, garrafas, latas, entre outros (ambos com 21,2%). Seguidos dos depósitos para armazenamento doméstico de água como tonel, tambor, barril, tina, filtros e potes, entre outros (20,3%).

quinta-feira, 3 de março de 2016

Histórias da Zona Sul: A urbanização no início do século XX até os anos 30.

No início do século XX, o Rio de Janeiro transformou-se em um canteiro de obras projetadas para fazer da cidade um símbolo de modernidade, ordenamento e progresso. A nova imagem do Rio foi planejada pelo Prefeito Pereira Passos e inspirada em Paris. As reformas urbanas parisienses executadas na segunda metade do século XIX, pelo Prefeito Georges Eugène Haussmann, o barão de Haussmann, influenciaram o  mundo todo, servindo de referência para vários países na Europa e nas Américas. 


As reformas urbanísticas no Rio, com a construção de praças, ampliação de ruas e criação de estruturas de saneamento básico, caracterizaram-se no consciente coletivo da época, como a chegada da modernidade num país pobre e colonizado que, enfim, alcançaria a graça de se tornar imagem e semelhança da cidade europeia.

Este período testemunhou movimentos que modificaram o perfil de ocupação urbana da cidade. A grande destruição dos cortiços das áreas centrais expulsou milhares de pessoas para áreas periféricas e encostas de morros. Ao mesmo tempo, teve início a urbanização e o saneamento de áreas litorâneas da zona sul e de áreas ao longo dos caminhos de ferro em direção à zona norte. Este processo contribuiu para o alargamento do espaço geográfico da cidade e multiplicou as demandas em torno de serviços urbanos como transporte, abastecimento de água, calçamento de ruas, policiamento, saúde pública, entre outros.

Em 1908, a realização da Exposição Universal catalisou o processo de urbanização da cidade baseado num modelo de construção de diversos aterros, que foram alterando o traçado das praias num movimento mar adentro. Para abrigar a Exposição criou-se uma praia artificial, a atual Praia Vermelha, com terras extraídas do Pão de Açúcar, unindo este à cidade. Mais tarde, nos anos 20, foi realizado um aterro de 2 km2 de extensão para a construção do bairro da Urca por uma empresa privada que, ao mesmo tempo, exercia o papel de operador imobiliário e a conquista de território da orla sobre o mar. A operação foi muito importante, não só pela dimensão dos trabalhos, ou por ter dado um passo na direção de um dos símbolos morfológicos do Rio de Janeiro, mas porque estabeleceu uma forma de crescimento para o sul, para o mar aberto. Criou dessa forma um modelo cujos frutos, hoje, são bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon. 

O Morro de Castelo, sede da fundação da cidade, foi paradoxalmente demolido para dar lugar à Exposição comemorativa do Centenário da Independência em 1922. Foram removidos 4,5 milhões de m³ de terras e avançados ao mar 67 mil m² de solo para abrigar o espaço da Exposição. Nos anos quarenta, ali se construiu o Aeroporto Santos Dumont, ampliando a área de aterro no limite com o mar. Essa operação fez desaparecer as históricas Praias de Santa Luzia e a Ponta do Calabouço. Com a terra proveniente do Morro do Castelo também se levou a cabo, em 1930, outra das grandes operações de construção da cidade: o saneamento e urbanização da orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, com criação de uma ampla plataforma de cidade e a canalização do braço de água que a unia ao mar, criando o atual Jardim de Alah. 

A expansão segue a seqüência de urbanização dos bairros da Glória, Flamengo e Botafogo e de suas respectivas praias, incluídos o ajardinamento das ruas da borda litoral. O crescimento urbano ocorrido em Botafogo no século XIX aliado à fama que foi adquirindo a Praia de Copacabana devido ao “clima esplêndido e salubre”, determinou a abertura de um primeiro acesso urbanizado em 1855, através de uma ladeira, a atual Tabajaras, propiciando a construção das primeiras casas. Com a construção do Túnel Velho em 1892, os bondes passaram a atender ao novo bairro, e com a posterior circulação de bondes elétricos o bairro prosperou, estando por volta de 1930, totalmente loteado e urbanizado. O cais de pedra construído para deter as constantes ressacas delimitou a avenida da orla marítima nos seus 4,5km de extensão, criando a hoje célebre Avenida Atlântica. Esta avenida, somada ao famoso hotel que ali foi erguido em 1923, o Copacabana Palace, projetado no melhor estilo neoclássico importado da Riviera Francesa, determinaram o perfil de Copacabana inspirado no balneário mediterrâneo europeu. A partir desta época o banho de mar se tornaria uma moda no Rio de Janeiro. 

Fontes: 1 - O Rio de Janeiro e a sua orla: história, projetos e identidade carioca, Dez/2009 Verena Andreatta; Maria Pace Chiavari; Helena Rego - SMU/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Coleção Estudos cariocas. 2 - Cidade e subúrbios no Rio de Janeiro do início do século XX: ordenamento e progresso para o morador suburbano LUCIANA VERONICA SILVA MOREIRA 2013.
Foto: Centro Arquivístico da Secretaria Municipal de Urbanismo / Divulgação

terça-feira, 1 de março de 2016

Desembarque Olímpico Estratégico na Zona Sul.

Os Jogos Olímpicos são o maior evento do mundo. Seus números grandiosos traduzem um pouco da magnitude da competição. Na Rio 2016, são aguardados 206 países, 10,5 mil atletas, 45 mil voluntários, 100 chefes de estado, 12 mil empresários e executivos, 350 mil turistas e 25 mil jornalistas. Para acolher toda essa demanda, a cidade se prepara, reservando à Zona Sul um papel estratégico no tabuleiro olímpico. 


A Empresa Olímpica Municipal (EOM) atualizou semana passada a relação dos países que montarão Casas Temáticas na cidade. Até o momento, doze delas estão confirmadas na Zona Sul. O conceito dessas “Casas”, nascido nas Olimpíadas de Barcelona (1992), é o de divulgar a cultura dos países participantes com uma agenda de eventos recheada, capaz de proporcionar a geração de novos negócios e o estreitamento de relacionamentos estratégicos entre governantes e empresários.

Confira abaixo a relação das 12 Casas Temáticas já confirmadas na Zona Sul:

Alemanha (Praia do Leblon, posto 11)
França (Sociedade Hípica Brasileira, Lagoa)
Dinamarca (Praia de Ipanema, posto 10)
Suíça (Campo de Beisebol da Lagoa, Lagoa)
Holanda (Clube Monte Líbano, Lagoa)
Estados Unidos (Colégio São Paulo, Arpoador)
Grã-Bretanha (Parque Lage, Jardim Botânico)
Rússia (Clube dos Marimbás, Copacabana)
China (Jockey Club, Gávea)
Catar (antiga Casa do Estudante, Flamengo)
Canadá (AABB, Lagoa)
Áustria (General Severiano - Clube Botafogo, Botafogo)