Nesses dias que antecedem a Rio2016, muito se fala, injustamente, sobre a nossa incapacidade de realizar grandes eventos internacionais. Para citarmos somente alguns mega eventos aqui realizados com excelência, lembramos da ECO 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada com a presença dos chefes de estado dos países que integram a ONU. Citamos também a realização da Copa do Mundo de Futebol, realizada em 2014 e considerada por muitos especialistas como a “Copa das Copas”. E há exatos três anos, estávamos finalizando com maestria a realização da Jornada Mundial da Juventude, também na cidade do Rio de Janeiro.
Entre outros números faraônicos, o evento contou com mais de 3 milhões e meio de pessoas na Praia de Copacabana, no dia de encerramento, entre cariocas e peregrinos do Brasil e exterior. Ao longo daquela semana, as ruas da Zona Sul da Cidade receberam 9 milhões de pessoas para ver o Papa Francisco, segundo a estimativa dos organizadores. O evento também continha um elevado grau de risco de atentado, em função da presença do líder mundial da igreja católica. A Prefeitura do Rio de Janeiro, a subprefeitura da Zona Sul (sob liderança do então subprefeito Bruno Ramos), e todas as demais Secretarias da Cidade, conduziram a organização com a devida excelência, sem ocorrência de grandes problemas.
Problemas sempre ocorreram nesses grandes eventos internacionais. Alguém questionou a segurança da Copa América nos USA, mês passado, quando um homem exterminou 50 pessoas numa boate localizada em uma das sedes do Torneio? Algum atleta de ponta deixou de ir pra Euro, também realizada mês passado na França, mesmo diante do iminente risco de atentado e do massacre no Bataclan, ano passado? Algum atleta de ponta não foi pros últimos Jogos de Inverno em Sóchi (Rússia), em 2014, mesmo estando o país envolvido na absurda guerra com a Ucrânia e sob alto risco de atentado Checheno? Algum atleta de ponta boicotou os Jogos Olímpicos da China em 2008, em protesto às condições meteorológicas catastróficas que o país imputa ao mundo e aos frágeis direitos humanos locais? Alguém deixou de comparecer aos Jogos de Atlanta, em 1996, considerado o pior de todos os tempos, com atentando terrorista, caos no transporte e nas telecomunicações (sim, nos USA!). E as Olímpiadas de Londres 2012? O que dizer do caos no trãnsito e das baterias anti-mísseis contra terrorismo, instaladas em prédios residenciais?
Contra muitos céticos e críticos, tudo caminha para realizarmos uma Olimpíada inesquecível, para o Rio de Janeiro e o mundo esportivo. O Brasil não está fácil, longe disso, o nosso estado passa pela maior crise desse século, mas nada disso é culpa da Rio2016. Os legados poderiam ser maiores? Sim, como sempre, mas é muita miopia não enxergarmos os benéficos que ficarão, principalmente na área de mobilidade urbana e na revitalização do Porto. Sem falar nos avanços nos setores turístico e esportivo, e no dinheiro que aqui será deixado pelos turistas.
Vamos deixar o nosso complexo de vira-lata de lado e contribuir para que o legado seja ainda maior, fazendo também deste evento, a “Olimpíada das Olimpíadas”. Quanto aos nossos inadiáveis problemas políticos, teremos mais uma oportunidade de começar a resolvê-los, em outubro, nas urnas.