O novo índice de desenvolvimento socioambiental da cidade, desenvolvido pelo Instituto Pereira Passos (IPP) e divulgado semana passada, surpreendeu muita gente por posicionar a Região Administrativa de Botafogo na liderança do ranking, batendo regiões tidas como mais ricas, como as RA’s da Lagoa (área da cidade de maior Índice de Desenvolvimento Humano) e Copacabana.
A RA de Botafogo, que inclui também os bairros do Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Humaitá, Laranjeiras e Urca, obteve o índice de IPS 86,90. Enquanto a RA da Lagoa, que abrande também os bairros de Gávea, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa, Leblon, São Conrado e Vidigal, ficou com IPS de 85,18. Já a RA de Copacabana, que também inclui o Leme e ficou na terceira colocada, obteve índice IPS de 82,49. Ambos estão bem à frente da média da cidade, que ficou em somente 60,70. A RA da Rocinha ficou na 29ª colocação e com índice abaixo da média do Rio, chegando a 44,60.
O índice IPS é abrangente e leva em consideração indicadores como mortalidade infantil, degradação de áreas verdes, mobilidade, entre outros. Porém, por trás desse “surpreendente” resultado, como fatores determinantes da primeira colocação de Botafogo, estão principalmente, indicadores relacionados à mobilidade urbana e favelização. Na RA primeira colocada, o metrô é mais abrangente e o transporte público mais eficaz. Além disso, e fundamentalmente, o processo das ocupações desordenadas afetaram menos a qualidade de vida da população na região. Essa ocupação não planejada pelo estado, em função da dificuldade de acesso à serviços como coleta de lixo e policiamento, acelera a favelização atrelada ao crescimento de fatores de insalubridade e violência, como o baixo acesso à água canalizada e esgoto sanitário, altas taxas de homicídios, incidência de dengue, mortalidade por tuberculose, etc.
Mais uma vez, a sociedade lança luz à permissividade do poder público, quando este não chama para si a responsabilidade de impedir essas ocupações, compactuando com o crescimento das nossas favelas sem a infraestrutura mínima necessária à vida da população.
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